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  Nesse estudo publicado pelo International Journal of Quality in Health Care em Fev/2018, os autores examinaram a abordagem de Hierarquia de Controle de Riscos [HoC] amplamente usada em indústrias de “alta confiabilidade”, para classificar as intervenções de acordo com a suposta efetividade em reduzir riscos, e muito defendida como apropriada para uso na área da saúde. A classificação de risco adotada pelos autores foi a da US National Institute for Occupational Safety and Health [NIOSH] - Figura 1.

             

    O estudo foi desenvolvido com quatro equipes de saúde de quatro hospitais do Reino Unido e Escócia. As quatro equipes clínicas planejaram um total de 42 controles de risco [Tabela 1] destinados a abordar os riscos de segurança.

    A maioria dos controles de risco [n=35] poderia ser classificada como “controles administrativos”, qualificando-se o tipo mais fraco de intervenções de acordo com a abordagem HoC [Figura 2]. Seis controles de risco qualificados como “controles de engenharia", ou seja, o nível intermediário da hierarquia.

 

   Apenas um controle de risco qualificado como "substituição", classificada como o tipo mais forte de intervenção pela abordagem HoC.

 

    Os autores concluíram que muitos controles de risco introduzidos por essas quatro equipes clínicas podem ficar agrupados aparentemente em direção à extremidade mais fraca estabelecida  pela  hierarquia de controle.  Menos

claro, é se a abordagem HoC, como atualmente formulada, é útil para as especificidades dos cuidados de saúde. Oportunidades valiosas para melhoria da segurança podem ser perdidas se modelos hierárquicos inapropriados forem usados ​​para orientar a seleção de intervenções de melhoria da segurança do paciente. Embora aprender com outras indústrias possa ser útil, é preciso cautela.

     Os autores sugerem que a habilidade da abordagem HoC para prever o sucesso ou fracasso dos controles de risco em instituições de saúde é desafiada por três questões.

1º) A abordagem HoC tende a categorizar as intervenções com base apenas em características superficiais e visíveis, sem atenção à heterogeneidade dos controles de risco e à qualidade do design, entrega e intervenção. Por exemplo, "treinamento" se apresenta como uma categoria independente no HoC e é classificada como uma ação fraca. No entanto, as intervenções de educação, treinamento e mudança de comportamento podem ser realizadas em vários formatos diferentes, desde abordagens didáticas até simulações imersivas baseadas em grupos: elas não são uma coisa única e nem seus impactos são iguais. A formação é uma característica fundamental de alguns programas importantes de melhoria e de sucesso na área da saúde. Os resultados do treinamento podem abranger o aprimoramento do conhecimento técnico para melhorar a motivação, nutrir uma cultura de segurança ou desenvolver novas comunidades de prática. Descrevendo treinamento meramente como uma ação ao nível de um "controle administrativo" é redutora e enganosa. Mais amplamente, alguns controles de risco considerados "fracos" sob um modelo HoC são, muitas vezes, altamente eficazes quando eles são direcionados para grupos de profissionais da saúde; estimulam a aprendizagem experiencial e exploram 'redes naturais' de cuidados em saúde. Oportunidades valiosas para enfrentar desafios persistentes à segurança do paciente, como a falta de trabalho de equipe e comunicação entre diferentes disciplinas, pode ser perdido se os contextos na área da saúde descartarem essas intervenções.

2º) As categorias HoCs não levam em consideração o ajuste entre os perigos e as intervenções planejadas, tendendo assim a assumir que as intervenções irão operar da mesma maneira, independentemente do contexto. Atenção insuficiente é concedida pela abordagem HoC ao grau de "congruência" entre um controle de risco e sua meta. Isso é problemático porque controles de risco que dependem fortemente de comportamento humano podem se apresentar numa escala menor na hierarquia HoC, mas pode ser altamente impactante se projetado para ser congruente com os riscos identificados e implementados com uma rigorosa teoria de mudança.

3º) Uma abordagem baseada na hierarquia pode ter pouco a oferecer à nossa compreensão dos fatores sociais e organizacionais que contribuem para o sucesso ou fracasso das intervenções de segurança nos cuidados em saúde. Os controles de risco são criados por dois elementos interligados: o "conteúdo" das intervenções (a ação corretiva central que é pensada para reduzir o risco) e os “fatores de apoio / facilitação” que tornam a intervenção possível de ser implementada em contextos organizacionais específicos. Tais fatores incluem alto nível organizacional e patrocínio gerencial, capacidade das equipes de envolver profissionais de saúde influentes, e a legitimação profissional dos controles de risco propostos. A abordagem HoC representa apenas o elemento de “conteúdo” dos controles de risco: ela não descreve como as intervenções são realizadas nem como elas podem se tornar incorporadas e sustentadas ao longo do tempo. Além disso, desde que a abordagem HoC tende a conceituar os controles de risco de maneira direta e mecanicista, pode falhar em capturar os resultados não lineares, indiretos e de longo prazo das formas mais “fracas” de controle de risco, como a mudança cultural, por exemplo.

  Resultados encontrados no estudo, classificados de acordo com a abordagem HoC do NIOSH.

Int J Qual Health Care. Fev/2018; 30(1): 39-42

Excelente leitura!

Vale a pena conferir!

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