Esse estudo publicado por pesquisadoras das Universidades do Quênia, Austrália e Nova Zelândia avaliou os fatores que contribuem para o turnover dos enfermeiros dos seus locais de trabalho no Quênia, através da percepção desses enfermeiros sobre a cultura organizacional em dois hospitais privados.
Trata-se de um estudo qualitativo em que oito profissionais de enfermagem [5 mulheres e 3 homens] foram submetidos à entrevista semiestruturada. Um grupo de enfermeiros havia trabalhado no hospital A e outro grupo no hospital B.
Após as análises, as pesquisadoras encontraram quatro temas centrais abordados pelos enfermeiros entrevistados, e desses emergiram nove subtemas.
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São eles:
Enfermeiras na cidade de Garissa [Quênia/2015]
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Ambiente restritivo de trabalho [práticas restritivas de trabalho -> “minhas mãos estão amarradas” / oportunidades sendo negadas];
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Liderança verticalizada [ordenando a fazer / adotando uma abordagem e atitude inquestionáveis / “conhecendo o seu lugar na Organização”];
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Normalização "anormal" na dinâmica das equipes [normalizando o bullying profissional / normalizando a escassez de suporte profissional];
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Questões éticas [respeitando os enfermeiros assistenciais / cuidando dos cuidadores].
Algumas conclusões das autoras:
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Os enfermeiros falaram muito sobre limitação de regras e a falta de permissão para tomada de decisão;
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Falta de autonomia dos enfermeiros nos cuidados com os pacientes e a sensação de impotência no trabalho foram dois tópicos relacionados às atuais condições no ambiente de trabalho dos enfermeiros, os quais contribuem para o aumento da intenção de sair do emprego;
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Ameaças e intimidação devido ao autoritarismo dos enfermeiros líderes contribuem para o constante turnover do staff de Enfermagem;
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A carência de autonomia dos enfermeiros tem sido associada ao bullying profissional que o staff de Enfermagem sofre nos locais de trabalho;
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Enfermeiros sentem-se desprivilegiados pelo empregador, tanto nos salários baixos quanto em benefícios;
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Falta de incentivos para estudos e treinamentos e até a não autorização para enfermeiros buscarem mais qualificações, são outros tópicos que estão associados ao turnover do staff de Enfermagem.
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A cultura organizacional nesse estudo foi descrita como um ambiente de trabalho restritivo, um estilo de liderança verticalizada e autoritária, normalização "anormal" na dinâmica das equipes e questões éticas.
Administradores de instituições de saúde precisam desenvolver sistemas de recompensas que reconheçam enfermeiros que são exemplares, precisam desenvolver políticas para prevenção de bulllying, precisam valorizar o aperfeiçoamento profissional do staff de Enfermagem, prover um ambiente de maior autonomia e poder de decisão sobre os cuidados de enfermagem por todo staff da categoria e não apenas pelos líderes; se quiserem reter o staff de Enfermagem nas suas instituições, minimizando assim o grande turnover da categoria.
J Hosp Administration. Dez/2017; 6(6): 1-7
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