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     Provavelmente no dia a dia do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar [SCIH] dentro das instituições de saúde, a equipe nunca tenha parado para refletir sobre algo muito importante e sobre o qual não se dá conta diante de tantas outras demandas. A pergunta é: "Como estamos usando o respirador facial N95 na assistência ao paciente em precaução aérea?" Ou melhor pensando: "Como os colegas da assistência direta, treinados pelo SCIH, estão usando o respirador facial N95 ao cuidar do paciente em precaução aérea?".

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     Esse estudo que acabou de ser publicado em Mai/2018 no AJIC, nos dá uma pista de como anda essa questão, e os achados são assustadores!!

     Através de gravações em vídeo sobre o comportamento de vinte e quatro [24] Enfermeiros realizando assistência ao paciente em precaução aérea em um ambiente simulado, os pesquisadores encontraram várias inadequações no uso do respirador facial N95, o que colocaria em risco a saúde desses Enfermeiros, caso fosse uma situação real - proteção respiratória comprometida para esses 24 Enfermeiros.

 

  O mais impactante foi verificar que mesmo esses Enfermeiros estando cientes de que estavam sendo filmados na simulação, muitas inadequações ocorreram no uso desse Equipamento de Proteção Individual [EPI].

    Eu acrescento ainda que os achados desse estudo nos faz refletir que o efeito Hawthorne, tão temido por pesquisadores quando se trata de estudo em que os participantes tem conhecimento de que estão sendo observados, aqui se diluiu.  Isso é assustador porque se em assistência simulada em laboratório e com ciência dos participantes sobre as filmagens no momento das atividades hipotéticas os resultados foram preocupantes, o que dizer na assistência real ao paciente em que todos acham que não estão sendo observados nas suas atividades diárias?

     Vejamos alguns dos resultados encontrados pelos pesquisadores:

  • A média de idade dos Enfermeiros foi de 29,5 anos;

  • Do total, 21 eram do sexo feminino;

  • 54% tinham mais de 5 anos na profissão e 71% pontuaram que tinham recebido algum tipo de  treinamento pelo SCIH no último ano.

       Sobre a colocação, ajuste e selagem ao redor da face, do respirador facial N95:

  • 8% dos Enfermeiros usaram apenas o elástico superior para prender o respirador facial N95 e 33% usaram os dois elásticos apenas sobre as orelhas;

  • Dentro do quarto do paciente, 42% dos Enfermeiros realizaram 21 ajustes do EPI na face, e destes, 60% tinham o respirador posicionado incorretamente;

  • Apenas 8% dos Enfermeiros realizaram os movimentos de selagem do respirador facial N95 por toda área da face e 46% não fizeram qualquer movimento de selagem do EPI na face - apenas colocaram o respirador!

       Sobre a retirada do respirador facial N95:

  • Apenas 50% dos Enfermeiros retiraram o EPI corretamente fora do quarto do paciente, mas ainda assim, um deles não fechou a porta do quarto por completo;

  • 8% contaminaram suas mãos retirando o EPI tocando em sua área suja e não apenas nos elásticos;

  • 92% tocaram o EPI com mãos e luvas que entraram em contato com superfícies ao redor do paciente potencialmente contaminadas, ou seja, não higienizaram as mãos antes de tocar no EPI;

  • Apenas 21% removeram corretamente o EPI afastando-o do rosto e tocando apenas nos elásticos, e desses, apenas 8% fizeram isso fora do quarto do paciente e após fechar a porta!

Am J Inf Control. Mai/2018; 46 (5): 579-80.

     Os resultados encontrados nos levam a repensar as formas e conteúdos de treinamentos que o SCIH e Educação Continuada tem realizado dentro das unidades de saúde no que se refere à Biossegurança e Precauções Específicas. Ênfase maior sobre a colocação e retirada de EPIs talvez devesse ser pensada por parte dos treinadores.

Vale a pena conferir!

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