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       Nesse artigo publicado em fevereiro/2018 na Clinical Infectious Diseases, os autores relatam um caso de Meningoencefalite Amebiana Primária [MAP] em uma jovem americana de 18 anos, que após praticar rafting em um parque aquático na Carolina do Norte, foi infectada pela ameba Naegleria fowleri, tendo ido a óbito 2 dias após dar entrada na Emergência do hospital.

       

        Em 17 de Junho de 2016, uma jovem de 18 anos previamente saudável deu entrada na Emergência de um hospital de Ohio com quadro de cefaleia há 3 dias, associada a letargia e febre alta, que evoluiu rapidamente, em poucos dias, com hipertensão intracraniana até o coma. Durante os dias de internação foi tratada com diversos esquemas de antimicrobianos, guiados por diversos exames para diagnóstico infeccioso, incluindo punções de líquido cefalorraquidiano e tomografias de crânio. O CDC foi acionado para auxiliar no diagnóstico e tratamento. No 3º dia de internação a paciente veio a óbito. Resultados de exames mostraram presença de trofozoítos móveis em mais uma punção lombar e por métodos moleculares o CDC fechou o diagnóstico de MAP por Naegleria fowleri.

       Por volta de dez dias antes da paciente-caso apresentar os primeiros sintomas, ela tinha viajado para a Carolina do Norte e resolveu visitar o parque aquático – US National Whitewater Center (USNWC), local onde existem diversas atividades aquáticas de lazer realizadas por canais artificias de água, criados para essa finalidade.

        Quando retornou de viagem a paciente-caso relatou para a mãe que ao praticar o rafting, ela caiu da canoa e ficou submersa por um tempo e que nesse momento, um grande volume de água havia entrado pelo seu nariz.

Autoridades sanitárias da cidade, juntamente com os especialistas do CDC coletaram amostras de água de diversos pontos de fornecimento de todo parque – lago superior, inferior, canais de rafting, pontos de filtragem de toda água usada no parque, etc. Das amostras coletadas, onze foram positivas para N. fowleri, tanto pelo método direto quanto por cultura. O parque apresentava diversas falhas ambientais para a finalidade a qual se prestava ao público – lazer na água. Alguns exemplos: temperatura da água em torno de 30ºC [quente], hipoclorito de sódio em concentração inadequada para desinfecção de água, uso de Ultravioleta também para desinfecção de água de forma inadequada e os canais de água de todo parque apresentavam camada de biofilme denotando que a limpeza anual era inadequada. Todos esses fatores foram fortemente associados à proliferação da ameba N. fowleri, disseminada por todo parque.

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      Naegleria fowleri é uma ameba de vida livre, termofílica, termotolerante, que se prolifera bem em água doce morna [pode suportar até 45ºC], em lagos, lagoas, rios e piscinas; além de ser encontrada também no solo. Uma vez na água, N. fowleri penetra no ser humano pela cavidade nasal e migra até o sistema nervoso central, seu local de preferência, e nesse órgão causa danos extremamente graves. Essa espécie é a única a infectar o ser humano e provocar a doença MAP. A taxa de letalidade é em torno de 97%. O tempo de incubação da doença é em torno de 5 a 7 dias e o óbito ocorre entre 7º e 14º dias após a infecção.

 

       Esse caso levou as autoridades sanitárias da cidade a reformularem a legislação local em relação ao parque termal USNWC, além de outras medidas.

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        Como investigação de caso infeccioso de origem ambiental, vale a pena a leitura desse artigo.

Clinical Infectious Diseases. Fev/2018; 66(4): 548-553

Vale a pena conferir!

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